Oito estados das regiões Norte e Nordeste enfrentam neste ano a pior seca desde 1980 por causa da falta de chuvas: Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe.
⛈️ Os dados são do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao governo federal, e foram compilados a pedido do g1. Eles levam em conta os registros de volume de chuva (em milímetros) de toda a sua base histórica, que teve início em 1980.
A falta severa de chuvas agrava a situação dos rios da região, que enfrentam uma seca persistente, com consequências para a população local, como desabastecimento de comida e água e prejuízos à navegação. O cenário tem relação com o El Niño atípico e como aquecimento global.
- As áreas em marrom dentro desses estados mostram as regiões onde a falta de chuvas já bateu recorde. Antes, o pior período de falta de chuva havia sido em 2015.
- As partes em vermelho indicam que já estão na segunda maior estiagem da sua história.
- Já as áreas em amarelo apontam as que enfrentam a terceira pior estiagem.
Reflexo: rios sem água
A estiagem recorde tem deixado diversos rios estratégicos para a região com vazões (volumes) abaixo da média histórica.
Trechos de rios importantes, como o Negro e o Solimões, formadores do rio Amazonas, estão sendo afetados.
Imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mostram a evolução no impacto da seca nesses dois rios e o Arquipélago de Anavilhanas entre os dias 2 e 29 de setembro.
No intervalo dos dez dias finais do período analisado, é possível ver que o nível dos rios baixa de forma acelerada.
Imagens mostram evolução da seca nos rios Negro, Solimões e Arquipélago de Anavilhanas — Foto: Arte/g1
Márcio Moraes, especialista do Cemaden e integrante da sala de crise da Região Norte, explica que essa rápida diminuição da vazão nos rios tem se mostrado alarmante.
Moraes afirma que a região tem uma configuração cíclica, entre cheias e estiagem. No entanto, a interferência do El Niño fez com que a estiagem fosse mais severa e a cheia, menos intensa.
“Estamos em um ano de El Niño, com uma temperatura acima da média e uma seca intensa no Norte. A gente já vem de um período de cheias no limite do esperado ou abaixo da média, o que fez com que a redução dos níveis dos rios acontecesse muito mais rapidamente”, explica.
Seca fora do normal
A seca recorde está relacionada, segundo especialistas, à combinação de dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas: o El Niño (que é o aquecimento do oceano Pacífico) e a distribuição de calor do oceano Atlântico Norte. Há oito anos, quanto também viveu a pior estiagem, também havia interferência de El Niño.
O cenário pode piorar porque o período de seca que deveria terminar em novembro, deve se estender até janeiro. Com isso, o recorde da estiagem pode se estender a outras áreas do mapa.
Os impactos da seca extrema têm sido sentidos em diversos âmbitos e escalas:
Um vilarejo no interior do Amazonas chegou a ser engolido após um deslizamento de terra conhecido como "terras caídas".
Seca histórica causa desligamento de uma das maiores linhas de transmissão de energia elétrica do Brasil.